Lembro-me claramente da vez em que o meu carro foi atingido na traseira por outro veículo em um cruzamento. Na hora da apuração do sinistro, descobri que o valor que eu havia segurado estava abaixo do preço de mercado — e a burocracia para ajustar a indenização virou um pesadelo. Aprendi na prática que escolher o valor seguro de carro não é apenas uma decisão matemática: pode ser a diferença entre receber o suficiente para comprar outro veículo ou ficar no prejuízo.
Neste artigo eu vou explicar, passo a passo e com exemplos reais, como é formado o valor do seguro de carro, quais são as opções (valor FIPE, valor acordado, Tabela de mercado), como escolher o melhor valor segurado para o seu caso e como reduzir o custo do prêmio sem abrir mão de proteção. Vou também dar dicas práticas para uma cotação inteligente e responder às dúvidas mais comuns.
O que é “valor seguro de carro”?
Valor seguro de carro é o montante que a seguradora usará como referência na hora de pagar uma indenização em caso de perda total ou sinistro coberto. Não confunda com o preço do prêmio (o que você paga mensalmente). O valor segurado define quanto você receberá se o veículo for considerado perda total.
Existem principalmente duas formas de definir esse valor:
- Valor baseado na Tabela FIPE ou tabela de mercado — muito usado no Brasil como referência de preço médio.
- Valor acordado entre segurado e seguradora — comum em veículos personalizados ou clássicos.
Por que o valor segurado importa tanto?
Porque ele determina sua indenização em caso de perda total. Se estiver subestimado, você pode receber menos do que precisa para comprar outro carro. Se estiver superestimado, o prêmio tende a subir e você pagará mais sem real benefício.
Você já se perguntou quanto realmente vale o seu carro no mercado hoje? E se ele tiver acessórios ou for mais novo/antigo do que a média? Todas essas variáveis impactam o valor seguro de carro.
Como as seguradoras calculam o valor do carro
As seguradoras usam uma combinação de fatores para estipular o valor segurado e o prêmio:
- Tabela FIPE ou preços médios de mercado (referência comum).
- Ano, modelo, versão e motor do veículo.
- Local de circulação e endereço do segurado (veículos em áreas com maior índice de roubo/furto têm prêmio maior).
- Perfil do condutor (idade, sexo, histórico de sinistros).
- Uso do veículo (particular, uber/táxi, trabalho).
- Instalação de dispositivos de segurança (alarme, rastreador) e local de estacionamento.
Segundo a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), as regras sobre contratos e indenizações são regulamentadas e as seguradoras devem explicar claramente o critério de avaliação do valor segurado. (Fonte: SUSEP)
Valor FIPE x Valor Acordado: qual escolher?
Valor FIPE
Vantagens: é objetivo, atualizado e aceito pela maioria das seguradoras. Em caso de sinistro total, muitas empresas pagam com base na tabela FIPE do mês referente ao sinistro.
Desvantagens: pode não contemplar acessórios, personalizações ou valores praticados em determinadas regiões.
Valor Acordado
Vantagens: ideal para carros modificados, clássicos ou com equipamentos de alto valor — tudo é acordado previamente entre você e a seguradora.
Desvantagens: precisa comprovação e pode aumentar o prêmio se o valor for mais alto.
Exemplo prático — como eu resolvi o meu caso
Quando sofri o sinistro, meu carro estava segurado pelo valor FIPE, mas eu havia instalado kit multimídia e banco de couro. No primeiro momento a seguradora não considerou integralmente os acessórios. Após apresentar notas fiscais e fotos, negociei o acréscimo. Resultado: a indenização final aumentou, mas chorei mais um pouco no processo. Aprendi: documente tudo antes de contratar e opte por valor acordado quando houver acessórios relevantes.
Passo a passo para escolher o melhor valor seguro de carro
- Consulte a tabela FIPE e anote o valor do seu modelo e versão.
- Liste acessórios instalados e guarde notas fiscais e fotos.
- Decida entre FIPE (praticidade) ou valor acordado (maior precisão para itens extras).
- Peça cotações usando o mesmo valor segurado em diferentes seguradoras para comparar prêmios.
- Verifique opções adicionais como proteção contra perda parcial, cobertura de vidros, carro reserva e seguro GAP (protege a diferença entre o valor do veículo e o que faltaria para quitar um financiamento).
- Negocie franquia: franquia maior reduz o prêmio, mas aumenta seu desembolso em sinistro parcial.
Dicas práticas para reduzir o prêmio sem perder proteção
- Instale rastreador homologado: muitas seguradoras dão desconto.
- Estacione em garagem ou local seguro sempre que possível.
- Aumente a franquia se você pode arcar com consertos menores.
- Mantenha um histórico de sinistros limpo — bônus por não sinistro reduz o custo.
- Compare cotações online e fale diretamente com um corretor para ajustar coberturas.
Quando considerar o seguro GAP e outras coberturas extras?
Seguro GAP é indicado se você financiou o carro e quer evitar ficar devendo após uma perda total — ele cobre a diferença entre o valor de mercado (ou o segurado) e o saldo devedor. Vale a pena para veículos novos ou financiados com altas taxas de depreciação.
Outras coberturas interessantes:
- Cobertura para acessórios e equipamentos.
- Cobertura para carro reserva.
- Cobertura para terceiros (danos materiais/ corporais).
O que acontece na prática em um sinistro?
Se houver perda total, a seguradora compara o valor segurado com o valor de mercado vigente (ou com o valor acordado). Após laudo e aceitação, é paga a indenização menos a franquia (se aplicável) e eventuais descontos previstos em contrato.
Em sinistros parciais, o pagamento é geralmente feito mediante orçamento da oficina referenciada ou mediante reembolso, conforme o contrato. Sempre leia as cláusulas sobre oficinas credenciadas e prazos de pagamento.
Perguntas frequentes (FAQ)
1. O que é melhor: valor FIPE ou valor acordado?
Depende. Para veículos padrão sem acessórios relevantes, FIPE costuma ser suficiente. Para carros com acessórios, modificações ou valor sentimental (clássicos), o valor acordado é mais seguro.
2. Posso alterar o valor segurado após contratar a apólice?
Sim, mas isso pode alterar o prêmio. Informe a seguradora e atualize a apólice com documentação se houver acréscimo por acessórios.
3. O que ocorre se eu tiver o carro roubado e o valor segurado for menor que o de mercado?
Você receberá o valor segurado estipulado no contrato, o que pode não cobrir totalmente a compra de outro veículo no mercado. Por isso é crucial escolher um valor adequado.
4. A seguradora sempre paga pela tabela FIPE?
Nem sempre. Muitas seguradoras usam a FIPE como referência, mas o contrato pode prever valor acordado, descontos por depreciação ou outros critérios. Leia o contrato.
Resumo rápido
O valor seguro de carro define quanto você receberá em caso de perda total e influencia diretamente o custo do seu prêmio. Use a tabela FIPE como referência, mas avalie valor acordado quando houver acessórios ou personalizações. Documente tudo, compare cotações e escolha coberturas conforme seu perfil (financiado, garagem, uso).
Minha recomendação final
Antes de fechar qualquer apólice, faça uma lista dos itens que aumentam o valor do seu carro, guarde notas e fotos, e peça ao corretor que detalhe como a indenização será calculada. Não economize apenas no valor segurado para “pagar menos” — isso pode custar caro numa hora ruim.
E você, qual foi sua maior dificuldade com o valor do seguro de carro? Compartilhe sua experiência nos comentários abaixo — sua história pode ajudar outras pessoas a evitar o mesmo erro.
Fontes e leituras recomendadas: SUSEP (Superintendência de Seguros Privados) — https://www.susep.gov.br e Tabela FIPE — https://www.fipe.org.br. Para um panorama jornalístico sobre seguros de automóvel e mercado, veja também G1 — https://g1.globo.com.