Seguro para Terceiros: Proteção Essencial para Evitar a Falência Após um Acidente

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Se você pensa que a dor de cabeça de um acidente de trânsito é só amassar o próprio carro, permita-me corrigi-lo. E com uma certa urgência, porque a conta pode ser bem maior do que imagina. Estamos falando do tal seguro de carro para terceiros, uma cobertura que, para muitos, ainda parece um luxo desnecessário, mas que, na ponta do lápis, pode ser o que separa você da falência depois de um encontrão no trânsito caótico das nossas cidades.

Dezembro. Horário de pico. Chuva fina. Um motorista distraído, talvez com o celular na mão, ou só pensando no boleto que vence amanhã, ‘encosta’ o carro na traseira de outro veículo. Cena comum, não é? O problema não é só o para-choque amassado do carro da frente. É o que vem depois: a conta do conserto. E se tiver alguém machucado? Aí, meu amigo, o buraco é mais embaixo. É para isso que serve a famigerada Responsabilidade Civil Facultativa (RCF), ou, para o povo que não vive de jargão de seguradora, a cobertura para terceiros.

Por Que Diabos Isso é Tão Importante? A Dureza da Realidade

Vamos ser francos: ninguém compra seguro pensando em usar. A gente compra pensando em não usar. Mas quando a porca torce o rabo, ter uma apólice decente é o que garante o sono, ou o que resta dele. O seguro para terceiros não cobre os danos no seu carro. Não, isso é outra conversa. Ele serve para pagar as despesas que você, porventura, causar a outra pessoa – seja no carro dela, na saúde dela, ou até na dignidade dela, o que chamam de danos morais.

Muita gente se confia no DPVAT, o seguro obrigatório. Ótimo. Ele até indeniza vítimas de acidentes de trânsito, em casos de morte ou invalidez, ou para despesas médicas. Mas a cobertura é limitada, valores fixos, e não abrange os danos materiais. Ou seja, se você bateu e amassou a lataria do carro do vizinho, o DPVAT não paga um centavo sequer do conserto. Quem paga é você. Do seu bolso. E carros, hoje em dia, não são peças de Lego.

A Cifra Que Faz Tremer: O Preço da Distração

Nas ruas, nas filas dos bancos e nas conversas de padaria, o assunto é um só: o dinheiro que parece encolher a cada dia. Imagine, então, ter que desembolsar vinte, trinta, cinquenta mil reais ou mais para consertar um carro de luxo que você ‘beijou’ sem querer? Ou pior, arcar com uma internação hospitalar de alguém que você atingiu? É para cair de costas.

“Olha, é… é complicado. A gente trabalha, trabalha, mas o poder de compra, sabe? Parece que não sai do lugar. Aí, se acontece um acidente e a gente não tem esse seguro, ferrou”, desabafa Carlos, motorista de aplicativo, enquanto espera por uma corrida. Ele já viu muita gente se apertar por causa disso. E ele não está sozinho. A economia aperta e o seguro, muitas vezes, é visto como despesa dispensável. Grande erro.

Ainda assim, muitos brasileiros seguem o velho hábito de rezar para que nada aconteça. “Deus me livre”, “Bate na madeira”, ou “Nunca me aconteceu”. O azar não tem hora para chegar e, convenhamos, a sorte é para poucos. O resto precisa de planejamento.

Como Funciona na Prática? O Momento do Aperto

Você tem o seguro para terceiros. Bateu. O que acontece? Em termos bem práticos:

  • Primeiro, você verifica se todos estão bem. A saúde vem antes de tudo.
  • Aciona sua seguradora. Eles vão mandar um prestador de serviço, um perito, para avaliar os danos no carro do terceiro.
  • A seguradora negocia e paga o conserto diretamente à oficina ou reembolsa o terceiro.
  • Se houver danos corporais, o processo envolve mais burocracia, documentos médicos, mas a seguradora também arca com as despesas médicas e hospitalares, dentro dos limites da sua apólice.

A grande sacada é que, para o terceiro, geralmente, não há franquia. A franquia do seguro é algo que você paga para consertar o SEU carro, caso você tenha contratado a cobertura de colisão. Para o carro ou para a pessoa atingida por você, a seguradora assume a conta total até o limite de indenização que você contratou.

Fique de Olho Vivo: Os Detalhes da Apólice

Não caia na conversa mole de que “qualquer seguro serve”. Não serve. A gente vê por aí apólices com valores de indenização pífios, que não cobrem nem o retrovisor de um carro importado. Você precisa se atentar aos limites:

Tipo de Dano O Que Cobre Observação Importante
Danos Materiais Conserto ou indenização do veículo do terceiro, ou de outros bens materiais (muro, portão, poste). Verifique o limite! Carros de luxo demandam coberturas altas.
Danos Corporais Despesas médico-hospitalares, indenizações por invalidez permanente ou morte do terceiro. Cobertura essencial. A saúde não tem preço, mas o tratamento tem.
Danos Morais Compensação financeira por constrangimento, humilhação ou sofrimento psicológico causado ao terceiro. Cada vez mais comum em processos judiciais. Não ignore.

Não se esqueça também que o seguro não faz milagres se você agir de má-fé ou com imprudência extrema. Dirigir embriagado, participar de rachas, usar o carro para fins ilícitos? Esqueça. A seguradora vai se negar a pagar e o problema volta para o seu colo. E com juros.

O Veredito Final: Vale a Pena, Custe o Que Custar?

A resposta é um sonoro sim. Não por otimismo cego, mas por pura e simples aritmética da vida real. O custo de um seguro para terceiros, isoladamente, é irrisório perto do que pode ser o custo de um único acidente sem essa proteção. Pense nisso como uma boia salva-vidas. Você espera nunca precisar dela, mas quando o navio afunda, ela é a única coisa que importa.

Em suma, se você tem um carro e dirige, precisa de um seguro automóvel com cobertura para terceiros. Não é um luxo, é uma necessidade. É a sua paz de espírito – ou o que resta dela – protegida contra o imprevisto. Vá atrás de cotações, compare, pergunte, aperte seu corretor. Mas não deixe para amanhã o que pode lhe custar uma fortuna hoje. Porque, no fim das contas, a verdade é essa: o barato pode sair caro. Muito caro.

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